11 de febrero de 2015

Desafios e responsabilidade institucional





CHAMADA PARA TRABALHOS
Estudantes Não-Tradicionais no Ensino Superior:
Universidade do Algarve, Faro, Portugal
11 a 13 de junho, 2015




Apresentação

O termo “estudante não-tradicional” (ENT) representa um conceito de difícil definição, que tem sido muito discutido ao longo do tempo. Tem uma grande utilidade quando nos queremos referir aos diferentes grupos de estudantes que estão em minoria no ensino superior e cuja participação se encontra limitada por fatores estruturais (RANLHE, 2009). Trata-se, portanto, de um conceito extremamente flexível e que deve ser visto de acordo com o contexto concreto de aplicação. Tanto pode incluir estudantes que são os primeiros das suas famílias a frequentar o ensino superior, como mulheres, estudantes com necessidades educativas especiais, de classe trabalhadora, ou pertencentes a minorias culturais. Em qualquer caso, os ENT não constituem um grupo homogéneo, sendo, ao contrário, caracterizados pela sua enorme diversidade.

A temática dos estudantes não-tradicionais é já antiga nalguns países como o Reino Unido ou os Estados Unidos da América, por um conjunto de fatores diversos. Entre outros, a democratização e expansão do ensino superior durante os anos 60 do século passado trouxe, para as universidades, um conjunto de pessoas com características não-tradicionais. Por outro lado, não demorou muito a chegar-se à conclusão de que fatores como o rendimento, o emprego, a família (Bean e Metzner 1985), a classe social (Bamber e Tett 1999), o género e etnicidade (Bowl, 2001) ou as expectativas criadas (Laing Chao e Robinson 2005) tinham uma clara influência no nível de sucesso atingido pelos estudantes. Há, pelo menos, dois efeitos opostos que se desenrolaram a partir daqui. Se estas investigações vinham chamar a atenção para a necessidade de se levar em consideração todos estes fatores para garantir um ambiente de aprendizagem e soluções estruturais capazes de melhorar a vida académica dos estudantes, é inegável que por outro lado isto teve o efeito de conotar os próprios estudantes como os “produtores” de insucesso – por outras palavras foram, ainda que parcialmente, considerados como “o” problema.
Desta forma, há uma questão central a debater, que tem que ver diretamente com as instituições do ensino superior (IES) e com a assunção da sua responsabilidade. Que papel e atitude devem ter as IES quando confrontadas com a diversidade crescente dos seus estudantes? Onde começam e acabam as suas responsabilidades em relação aos estudantes? Que posição deveremos tomar sobre um discurso dominante que aponta as universidades como promotoras do desenvolvimento social, mesmo quando a investigação demonstra que o discurso é relativo? Como posicionamento geral, provavelmente todos estaríamos de acordo com Tett (2004), quando afirma que é injusto deixar unicamente aos estudantes a responsabilidade da sua adaptação e aprendizagem às regras e cultura da academia. Mas a assunção da responsabilidade da instituição não pode ser dissociada de medidas concretas que visem a melhoria da vida académica dos estudantes em geral e dos ENT em particular – e, neste ponto, muitos atores sociais das universidades têm um papel importante a desempenhar.

Os nossos projetos de investigação

A nossa equipa começou a estudar a situação dos estudantes não-tradicionais no Ensino Superior (ES) com um projeto financiado pela FCT (2010/13)1, com objetivo de investigar a situação dos estudantes maiores de 23 nas Universidades do Algarve e de Aveiro, e produzir recomendações para a melhoria do seu sucesso académico. Seguidamente ampliámos a nossa investigação para incluir outros grupos de ENT. Neste projeto, também financiado pela FCT (2013/15)2, estamos a estudar a situação de: i) estudantes com necessidades educativas especiais; ii) estudantes oriundos
1 Projeto PTDC/CPE-CED/108739/2008: “Estudantes Não-Tradicionais no Ensino Superior: procurar soluções para melhorar o sucesso académico”
2 PTDC/IVC-PEC/4886/2012- "Estudantes Não-tradicionais no Ensino Superior: investigar para guiar a mudança institucional"
dos países Africanos de Língua Oficial Portuguesa; iii) as transições dos estudantes maiores de 23 para o mercado de trabalho; e iv) estudantes dos cursos de especialização tecnológica. O nosso objetivo é, ainda, produzir recomendações para que as nossas universidades possam aplicar soluções capazes de melhorar a vida académica dos estudantes. O presente encontro serve, assim, duas finalidades primárias: divulgar e partilhar alguns dos resultados do nosso último projeto de investigação; estabelecer um diálogo entre os investigadores que estão a trabalhar este tema.

Temas

Convidamos os investigadores desta área e áreas afins a partilhar connosco as suas contribuições, dentro do tema genérico dos estudantes não-tradicionais. Gostaríamos, sobretudo, de contar com artigos de base empírica, mas estamos igualmente abertos a receber artigos de revisão teórica. Os autores podem inscrever as suas contribuições nos temas seguintes:

1. Perspetivas críticas sobre o acesso ao ensino superior, abandono e retenção de estudantes não-tradicionais.
2. Estudos sobre os variados grupos de estudantes não-tradicionais focando, entre outros, trajetórias académicas, processos de aprendizagem, identidades, obstáculos ao sucesso, limitações e potencialidades na sua participação na vida académica.
3. As transições de estudantes não-tradicionais para o ensino superior e/ou do ensino superior para o mercado de trabalho.
4. Os estudantes não-tradicionais no mercado de trabalho.
5. Os estudantes não-tradicionais entre a estrutura e a agência: dualismo ou tensão permanente?
6. Perspetivas críticas sobre as responsabilidades das instituições de ensino superior em relação aos estudantes não-tradicionais.

4 de febrero de 2015

Educación y trabajo social. Monográfico de la Revista Saber & Educar

EDUCAÇÃO E TRABALHO SOCIAL


Se é verdade que as sociedades contemporâneas já interiorizaram uma visão estratégica da educação como um conjunto estruturado de oportunidades de aprendizagem de cada sujeito quanto ao direito de realização da sua humanidade no interior de comunidades concretas, encarar a educação como praxis antropológica de alcance social pressupõe que o trabalho social seja concebido a partir do desenvolvimento humano, não obstante as incertezas sociais, as pressões das políticas públicas e a heterogeneidade de práticas de intervenção em que este mesmo trabalho social frequentemente se move.

O tema agregador do n.º 19 da Revista Saber & Educar pretende dar destaque à articulação que entretêm entre si “Educação” e “Trabalho Social” nos mais diversos campos disciplinares, científicos e formativos em que esta se pode traduzir, e que podem ir desde educação e formação de adultos à educação social, da pedagogia escolar à social, da intervenção socioeducativa ao desenvolvimento comunitário, entre outros.

Rejeitando, desde logo, as muitas dicotomias epistemológicas, conceptuais, metodológicas, e outras a que esta relação educação-trabalho social se encontra frequentemente amarrada, para alcançar o objetivo a que este número da revista se propõe, importará, por um lado, revisitar os conceitos de educação e de trabalho social e, por outro lado, descobrir nos múltiplos projetos de educação e de trabalho social significativas interseções teórico-práticas que permitirão descobrir e redesenhar novas configurações do humano no espaço comum habitado. Convidam-se os investigadores a apresentarem especialmente pesquisas em projetos e processos de intervenção dos quais se tenham obtido resultados empíricos significativos para o tema agregador.


SUMÁRIO
EDITORIAL
José Luís Gonçalves
6-9
ARTIGOS
Katharina Rauh, Klaus Fröhlich-Gildhoff
10-23

Sara Högdin, Cecilia Kjellman
24-37

Tatiana Nunes, Diogo Teixeira, Filipa Coelhoso
38-47

Ana Maria Vieira
48-61

Marta Graça, Manuela Gonçalves
62-73

Sofia R. S. Fernandes, Raquel P. F. Guiné, Ana Paula Cardoso, José Luís Abrantes, Manuela Ferreira
74-85

Mára Beatriz Pucci de Mattos
86-95

Carla Hiolanda Ferreira Esteves
96-105

Clara Medeiros Veiga Ramires Monteiro, Ana Cristina Coll Delgado
106-115

Marcia Regina Medeiros Veiga, António Manuel Rochette Cordeiro, Sónia Cristina Mairos Ferreira
116-127


Xosé Manuel Cid, Deibe Simo